A cada dia, o cristão enfrenta o desafio de pregar o evangelho da salvação de forma íntegra e relevante. Por um lado, vemos cristãos que são fiéis às Escrituras, zelosos da sã doutrina, embora sejam irrelevantes em seu contexto social. Por outro lado, há irmãos que são muito relevantes perante a sociedade, falam “a língua do povo”, mas não demonstram fidelidade à Palavra de Deus. Que grande desafio é alinhar integridade com relevância!

Para ser eficaz em seu testemunho, o cristão deve se aperfeiçoar na exegese bíblica, e também na exegese cultural. Muitas oportunidades são perdidas por não sabermos “dialogar” com aqueles que nos cercam, ou por não sabermos a vontade de Deus em cada situação da vida. É comum, vez por outra, nos lamentarmos pelas oportunidades perdidas, dizendo (ou pensando): “Podia ter sido diferente!”. Há um episódio no Livro de Josué (cap. 9) que ilustra o lamento pelas oportunidades perdidas.

Ele narra a astúcia de um povo cananeu, os gibeonitas, que enganaram os líderes israelitas, fingindo-se moradores de uma terra distante, e conseguiram fazer uma aliança com Israel (Js 9.4), a fim de terem suas vidas poupadas. O interessante é que sobrou esperteza aos gibeonitas, e faltou um mínimo de humildade, sabedoria e firmeza de caráter aos israelitas. Como disse Jesus

Os filhos do mundo são mais espertos na sua própria geração do que os filhos da luz

Lc 16.8b

Depois da aliança precipitada, os israelitas talvez tivessem dito: “Podia ter sido diferente!”.

Outro fato interessante é que tanto os líderes de Israel, quanto o povo, cometeram erros. No caso dos líderes, eles foram gananciosos e arrogantes, não consultaram o Senhor ou o povo, lançaram-se afoitamente sobre a provisão (v 14). Faltou-lhes integridade, discernimento, humildade. No entanto, o povo também errou, ao murmurar contra os líderes e tratá-los desrespeito (v 18). Será que o povo faria melhor?

A grande questão neste episódio é: Por que razão os líderes não consultaram o Senhor? Por que causar toda essa celeuma no arraial israelita? Essa questão é relevante para todos nós hoje, visto que somos constantemente afetados pelas consequências dos nossos erros, pelas mesmas razões: falta-nos humildade para reconhecer que não sabemos o que – ou como – fazer, sabedoria para entendermos como e quando fazer, e integridade para sermos fiéis ao Senhor em todo tempo.

Se não sabemos o que fazer, devemos reconhecer humildemente diante do Senhor, e consultá-lo sobre a decisão a ser tomada. Clamar por sabedoria e demonstrar firmeza de caráter em todo tempo. O que está em jogo é discernir a vontade de Deus em cada situação da vida, e para isso o Senhor disponibilizou alguns meios, dos quais vamos destacar três:

1.Oração: É comum orar muito quando se quer algo, e pouco quando tudo vai bem. Devemos orar sempre, para conhecermos mais o Senhor e a sua vontade. Se falta sabedoria, a oração é um meio de buscar em Deus, que é o Provedor (Tg 1.5).

2.Palavra: A tendência natural ao tomarmos uma decisão é nos valermos dos recursos do velho homem, como a “sabedoria terrena” (Tg 3.15). Só a mente renovada pela Palavra, iluminada pelo Espírito Santo, toma sábias decisões (Rm 12.2; Sl 143.10).

3. Conselhos de cristãos maduros: Roboão rejeitou o conselho dos anciãos, ouviu seus jovens amigos e dividiu a nação de Israel. Busque alguém com experiência e testemunho de vida para lhe orientar. Você conhece pessoas em quem você vê Jesus? Ouça seus conselhos.

4. Postas abertas: Paulo queria ir para a Ásia. Deus tinha outros planos e fechou portas (At 16.6-7). Paulo foi a Filipos, onde plantou uma igreja. Deus quer mostrar o caminho. Você tem um alvo? Se for um propósito de Deus, portas serão abertas. Caso contrário, não entre a força, você se arrependerá. Fique atento às “portas”…          Você já “pisou na bola”? Já fez escolhas erradas? Podia ter sido diferente? É muito ruim conviver com as consequências dos erros, e pior ainda é não aprender com esses erros, a fim de não repeti-los. A boa notícia para nós é que o “Carpinteiro de Nazaré”, ao retornar para o Pai celestial, não nos deixou órfãos. Ele enviou o Espírito Santo para nos guiar em todos os momentos. Apegue-se a ele, confie nele em todo tempo, busque sua vontade, sua sabedoria, seu poder. Quanto mais conhecê-lo e submeter-se a ele, melhor será.


Pr. Marcos Antônio Almeida Paixão

O autor é bacharel em teologia pelo Seminário Teológico Batista do Norte, especialista em Plantação e Revitalização de Igrejas pelo Seminário Presbiteriano do Sul, aluno do curso M. Div. pelo Centro Presbiteriano de Pós-graduação Andrew Jumper e pastor da Igreja Presbiteriana em Parada XV de Novembro.

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