Mateus 5.13-16

Jesus Cristo falou sobre o sal e a luz no início do “Sermão do Monte”, nas margens do mar da Galiléia, também conhecido como lago de Tiberíades ou Genesaré. 160 km ao sul, seguindo pelas margens do rio Jordão, está o mar Morto, onde vivia uma comunidade monástica que reproduzia e guardava manuscritos bíblicos. Eram chamados de “essênios” (filhos da luz). No entanto, eles não faziam jus a esse nome, pois a “luz” deles não brilhava; eles viviam isolados.

Ao usar a metáfora do sal e da luz, Jesus ensinou ricas lições aos seus seguidores. A primeira é que o mundo é incapaz de se auto-preservar. A tendência natural do mundo é a autofagia. O mundo é escuro, sem luz própria. Paris, conhecida como a “cidade das luzes”, ostenta um elevado índice de divórcio e suicídio de adolescentes. Que luz é essa? Ao preparar sua Igreja para viver no mundo, não fala de resistir à “carne”, mas ao “mundo”. A palavra grega “katharoi” significa “sem mistura”, “sem resíduos”. A Igreja nunca será “sal e luz” (missionária) se estiver misturada, parecida com o mundo. C. S. Lewis disse que “não nascemos para a felicidade; nascemos para amar”. Nós estamos no mundo para amar e para servir ao SENHOR e ao nosso próximo com alegria. Se faltar prazer e alegria, faça por obrigação. A Igreja é chamada para servir a Deus num mundo autofágico, prestes a apodrecer!

A segunda lição transmitida pelo nosso Mestre é que nós, a Igreja, seguidores do Cordeiro, somos o “sal” e a “luz” do mundo. Jesus não se impressiona com templos, sinagogas, estruturas de poder econômico, político e social. Rituais religiosos e métodos humanos não são “sal e luz”. Nós somos! O avivalista E. M. Bounds afirmou:“A Igreja procura melhores métodos. Deus procura homens melhores”.As necessidades do mundo gritam aos ouvidos da Igreja, o SENHOR brada ao Seu povo, a Palavra de Deus confronta o povo do Cordeiro que há milhões de pessoas angustiadas e sedentas pelo Evangelho da salvação. São 227 “povos não-alcançados”, 4000 povos sem igreja forte para alcançar sua etnia. Há 3000 línguas sem a Bíblia, mais 1 bilhão de analfabetos. No Brasil, são cerca de 100 tribos sem missionários. Nas grandes cidades, há milhares de guetos sociais. Você tem sido “sal e luz” hoje, onde Jesus lhe plantou?

Outra lição ministrada por Jesus é que se o sal perde o sabor, torna-se imprestável, e que a luz escondida, a exemplo dos essênios, é inútil. À luz da Palavra de Deus, “identidade” e”missão” são aspectos inseparáveis da vida cristã. É uma grande incoerência separar a nossa identidade cristã do serviço cristão. Por essa razão, Mahatma Gandhi confrontou um missionário cristão, dizendo: “Eu acredito no Cristo que você prega, mas não acredito no seu cristianismo”. Por que nos tornamos inúteis? Talvez por não compreendermos a Missão, ou por crermos que a Missão é realizada pela força e habilidade. Afinal de contas, as igrejas pagam a obreiros treinados para fazerem a Obra, enquanto os demais assistem! Que grande perigo é elitizar a Missão. Na visão de Jesus, a Obra é realizada pela graça de Deus e não pela força humana. Se somos sal da terra e luz do mundo é somente pela graça. Nós precisamos experimentar ‘Betesda’ (“casa de misericórdia, e devemos SER ‘Betesda’.

Gideon Ousley, metodista, lavrador, homem simples, descascava milho e jogava a palha. Sem retórica, ele se achava incapaz. Certo dia ouviu a doce e inconfundível voz do SENHOR: –Pregue o Evangelho! Ele disse: –Não sou capaz! Ao que lhe disse o SENHOR: –Você conhece a enfermidade? –Sim, SENHOR. –Você conhece o remédio? –Sim, SENHOR. –Então, vá e fale da enfermidade e do remédio. O resto é palha!

Igreja não é Academia, casa de shows, clube social. Igreja é “poço de Jacó”, “piscina de Siloé”, “tanque de Betesda”, “rio do Espírito”, “fonte de águas vivas”, lugar de cura, libertação e salvação. Sejamos “sal e luz”, agência do reino de Deus para a glória de Deus e salvação dos perdidos!


Pr. Marcos Antônio Almeida Paixão

O autor é bacharel em teologia pelo Seminário Teológico Batista do Norte, especialista em Plantação e Revitalização de Igrejas pelo Seminário Presbiteriano do Sul, aluno do curso M. Div. pelo Centro Presbiteriano de Pós-graduação Andrew Jumper e pastor da Igreja Presbiteriana em Parada XV de Novembro.

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