Ao fixar nas portas da igreja de Wittenberg, na Alemanha, no século 16, as 95 teses contra as indulgências e os desmandos do papado, o monge agostiniano Martinho Lutero deflagrou o grande movimento conhecido como Reforma Protestante. Não se tratava de uma inovação na igreja, ou um desvio de rota, mas uma volta às Escrituras, à doutrina dos Apóstolos. Cinco grandes ênfases, ou “5 Solas”, marcaram a igreja em sua volta ao caminho da verdade:

Em primeiro lugar, a singularidade das Escrituras. O Sola Scriptura acentua que a Palavra de Deus é a nossa única regra de fé e prática, e que devemos rejeitar qualquer doutrina que não tenha base bíblica. Nada se pode acrescentar às Escrituras ou retirar delas. A Palavra é inspirada, sua origem não é humana, é divina. Ela é inerrante quanto ao conteúdo, infalível quanto às suas profecias e suficiente quanto ao seu propósito. Não se pode acrescentar experiências e tradições à Palavra de Deus.

Em segundo lugar, a singularidade da Fé. O Sola Fide enfatiza que a salvação é recebida por meio da fé e não por obras. Não somos aceitos por Deus por causa de obras. Somos aceitos em Cristo, por causa de seus méritos, e recebemos essa salvação gratuita por meio da fé. A fé não é a causa meritória da nossa salvação, mas a causa instrumental. Não somos salvos por causa da fé, mas através da fé. A causa meritória da salvação é o sacrifício de Cristo. A fé salvadora é dom de Deus.

Em terceiro lugar, a singularidade da graça. O Sola Gratia afirma que somos salvos pela obra que Cristo fez por nós, e não por obras que fazemos para Deus. Graça é o dom precioso concedido a alguém que não merece, mas precisa. Deus nos buscou quando estávamos perdidos, nos deu vida quando estávamos mortos. Atraiu-nos com seu amor incompreensível, pois sendo nós filhos da ira, ele nos amou e enviou-nos seu Unigênito Filho para morrer em nosso lugar, para nos adotar como filhos e nos receber em sua família!

Em quarto lugar, a singularidade de Cristo. O Solus Cristus indica que Jesus Cristo, o Filho de Deus, é o único Mediador entre Deus e os homens. Ele é a Porta do Céu, o Caminho que nos leva ao Pai. Por sua morte na cruz, rasgou o véu do santuário e abriu um novo e vivo caminho para Deus. Jesus é o único Salvador e não há nenhum outro nome dado entre os homens pelo qual importa que sejamos salvos. Jesus é único Senhor do universo, a verdadeira razão de ser de todas as coisas!

Em quinto lugar, a singularidade de Deus. O Soli Deo Gloria destaca que tudo foi criado por Deus e existe para a glória de Deus. O fim último da nossa própria existência é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre. O homem não é o centro do universo, Deus é. A salvação é pela graça, pela fé, para as obras, com o único propósito de que Deus seja glorificado por toda a eternidade. Diz o apóstolo Paulo: “Porque dele, por meio dele e para ele são todas as coisas”. A Deus toda honra, glória e louvor, agora, e para sempre!


Pr. Marcos Antônio Almeida Paixão

O autor é bacharel em teologia pelo Seminário Teológico Batista do Norte, especialista em Plantação e Revitalização de Igrejas pelo Seminário Presbiteriano do Sul, aluno do curso M. Div. pelo Centro Presbiteriano de Pós-graduação Andrew Jumper e pastor da Igreja Presbiteriana em Parada XV de Novembro.

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