O genuíno evangelho da graça de Deus confronta o mundo pós-moderno proclamando que somente em Jesus Cristo há solução para os problemas do homem. Numa sociedade em que as pessoas procuram uma saída para os seus sofrimentos, o evangelho de Cristo é a resposta. A questão é que o nosso Senhor propõe um caminho muito estreito para o gosto da grande maioria, que se contenta com um falso evangelho, adocicado ao gosto do freguês. O que vale é a satisfação pessoal, a qualquer custo!
Como disse John Robbins, “dinheiro falso se parece com dinheiro verdadeiro e tem que ser assim, para poder enganar as pessoas. Evangelhos falsos são parecidos com o real, enganam a muitos!”. O falso evangelho é pregado por falsos obreiros, gerando falsos crentes e, consequentemente, falsas igrejas. A essência do falso evangelho é acrescentar algo à doutrina da justificação pela fé. No Brasil, prega-se um evangelho cada vez mais vazio de conteúdo bíblico e autoridade espiritual, com motivos gananciosos.
Paulo repreendeu os gálatas por se deixarem iludir por um evangelho falso: “Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho” (Gl 1.6). Seu objetivo era corrigir desvios doutrinários que afetaram a Igreja na Galácia, e denunciar a astúcia de falsos mestres que queriam perverter o evangelho de Cristo. O que é um evangelho pervertido? “O qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo” (Gl 1.7). As perguntas abaixo nos ajudam a distinguir o evangelho verdadeiro do falso:
- O que é o evangelho? É a boa nova da salvação exclusivamente na pessoa e obra de Cristo. Proclamar o evangelho é anunciar o Cristo crucificado. John Stott diz que o evangelho só é pregado quando Cristo é “publicamente exposto na sua cruz”. O evangelho é um evento histórico, único, não se repete.
- Qual a origem do evangelho? É divina. É o evangelho de Jesus Cristo, o Filho de Deus, o Verbo encarnado. É a boa nova que veio do céu.
- O que o evangelho oferece? A bênção da justificação pela fé, isto é, Deus nos aceita como justos diante dele quando cremos e aceitamos que Jesus Cristo morreu pelos nossos pecados (Rm 5.1).
- O que o evangelho exige? Para receber a bênção da justificação, não tenho que fazer nada. Tenho apenas que crer. Jesus já fez tudo que precisava. Este é o evangelho da graça de Deus. Não há outro.
Mas que “outro evangelho” é este que Paulo combate com tanto vigor? Nos versículos 6 e 7 há duas expressões que o identificam:
- “Outro evangelho” – No grego, dois vocábulos traduzem a palavra “outro”: “Eteros”, significa outro de espécie diferente, e “allos”, significa outro da mesma espécie. Paulo entendia que este outro evangelho de natureza diferente, era falso, uma perversão do genuíno evangelho de Jesus Cristo.
- “Perverter” – significa modificar, subverter. Este termo é usado três vezes no Novo Testamento (At 2.20; Gl 1.7; Tg 4.9). Judaizantes perverteram os ensinos, tentando conduzir os irmãos de volta para a lei. O processo de perversão do evangelho não nega a pessoa e obra de Cristo, mas acrescenta o cumprimento da lei. Tudo que se acrescenta à graça de Deus, a perverte ou subverte. A salvação é recebida somente pela graça de Deus (Ef 2.8).
Em nossos dias, vemos algumas tentativas de perverter o evangelho de Jesus Cristo:
- O evangelho da prosperidade: ensina que ser abençoado é ter bens materiais, é nunca adoecer, é não passar por problemas e sofrimentos.
- O evangelho do poder espiritual: enfatiza curas, milagres e bênçãos imediatas. A igreja é uma prestadora de serviços espirituais que atende a um público consumidor carente e sedento de plena felicidade.
- O evangelho da tradição humana que tenta preservar tradições antigas (tradicionalistas) ou criar inovações humanas (inovadores). Substitui ou acrescenta tradições humanas ao evangelho puro e simples.
Um grande desafio que a Igreja do Senhor Jesus Cristo enfrentou naqueles dias e enfrenta hoje, é exercer vigilância constante contra toda sorte de “ventos de doutrinas”, a fim de manter-se fiel ao seu Senhor. Há somente um evangelho genuíno: Jesus. Ele é o caminho, e a verdade e a vida (Jo 14.6). Que pela graça de Deus essa verdade seja defendida e proclamada por cada membros da nossa querida Igreja Presbiteriana em Parada XV de Novembro.
Pr. Marcos Antônio Almeida Paixão
O autor é bacharel em teologia pelo Seminário Teológico Batista do Norte, especialista em Plantação e Revitalização de Igrejas pelo Seminário Presbiteriano do Sul, aluno do curso M. Div. pelo Centro Presbiteriano de Pós-graduação Andrew Jumper e pastor da Igreja Presbiteriana em Parada XV de Novembro.